A gigante do setor de materiais, Braskem, volta a figurar com destaque nas mesas de operações diante da iminente alteração em sua estrutura de controle. A gestora de investimentos brasileira IG4 Capital avança em sua estratégia para adquirir uma fatia majoritária da petroquímica. A movimentação se dá por meio da compra de dívidas detidas pela Novonor SA, antiga Odebrecht e atual acionista controladora da companhia. Esse xadrez corporativo, que visa alterar a governança de um dos maiores ativos industriais do país, tem gerado ruídos e ajustes de posições no mercado financeiro.
Volatilidade e correção nos preços das ações
O reflexo dessas incertezas e expectativas foi sentido diretamente no desempenho dos papéis preferenciais classe A (BRKM5) na B3. No pregão de 17 de dezembro de 2025, as ações encerraram o dia cotadas a R$ 7,43, amargando uma queda de 1,59%. O volume financeiro foi expressivo, somando quase R$ 44 milhões, com os ativos oscilando entre a mínima de R$ 7,25 e a máxima de R$ 7,58. Esse comportamento negativo não é um evento isolado, mas parte de uma tendência de curto prazo observada ao longo da semana.
Sequência de quedas e volume atípico
Ao analisarmos o histórico recente, nota-se que a pressão vendedora se intensificou a partir da segunda quinzena de dezembro. No dia 16, o recuo foi ainda mais acentuado, de 2,58%, enquanto o dia 15 de dezembro registrou uma movimentação atípica: mesmo com uma desvalorização de 2,39%, o volume negociado explodiu para mais de R$ 88 milhões, indicando uma forte troca de mãos entre investidores institucionais, possivelmente reagindo aos bastidores da negociação com a IG4. Em contrapartida, o início do mês mostrava um cenário mais lateralizado, com leves oscilações positivas, como a alta de 0,88% no dia 10, antes de o humor do mercado virar.
A magnitude da operação e relevância global
O interesse da IG4 não é infundado, dado o porte colossal da operação. Criada em 2002 a partir da integração de seis companhias, a Braskem se consolidou como uma das seis maiores do segmento petroquímico global. Com mais de 40 unidades industriais espalhadas por quatro países e uma capacidade de produção de resinas termoplásticas que ronda os 9 milhões de toneladas anuais nas Américas, a empresa é um ativo estratégico. Além disso, ela lidera mundialmente a fabricação de biopolímeros, destacando-se pela produção de 200 mil toneladas anuais de polietileno verde, derivado do etanol de cana-de-açúcar, comercializado sob a marca I’m green bio-based.
Governança e histórico corporativo
Atualmente, a companhia possui suas ações listadas no Nível 1 de Governança Corporativa da B3, embora já atenda a diversos requisitos do Nível 2 e do Novo Mercado, além de ter presença nas bolsas de Nova Iorque e de Madri (Latibex). A estrutura acionária vigente ainda reflete a parceria entre a Novonor e a Petrobras, que detém participação expressiva. Vale lembrar que a empresa carrega em seu histórico o Acordo de Leniência firmado em 2016 com autoridades do Brasil, EUA e Suíça, no âmbito da Operação Lava-Jato. Agora, com a entrada da IG4 em cena visando a dívida da controladora, o mercado aguarda os próximos capítulos dessa reestruturação que promete redefinir os rumos da petroquímica.
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